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Terapia para quê?

Últimos dias das Olimpíadas no Rio de Janeiro e nossos atletas subiram no pódio muitas vezes. Em uma delas, Diego Hypólito ganhou uma medalha de prata e agradeceu sua psicóloga (veja aqui) que trabalhou com ele durante quatro anos para que ele pudesse enfrentar seus desafios e chegasse na final para garantir uma medalha. Mas, não bastava ele só saber executar a técnica que ele aprendeu para ganhar uma medalha? Não bastava só treinar exaustivamente? O que o psicólogo tem a ver com desempenho?

Imagine, por um instante, que você é o Diego Hypólito. Você participa de uma Olimpíada, cai e perde a chance de disputar medalha. Você não desiste e volta na Olimpíada seguinte para, novamente, cair e perder outra chance de medalha que todos acreditavam ser certa. Numa entrevista, você fala que “talvez você não mereça ganhar”. Se não bastasse isso, o lugar onde você treina é fechado e você fica sem emprego. Tem que treinar de favor em outros clubes. Você ouve de pessoas respeitadas no seu meio que você está velho demais para competir em outra Olimpíada e que suas chances de medalha são quase nulas. Como você se sentiria? Tentaria de novo? Diego entrou em depressão, perdeu 10kg e foi internado. Nesse momento, sem clube, desacreditado e em vias de desistir, ele começou um trabalho com uma psicóloga que foi a diferença na sua vida e, segundo ele mesmo, a responsável por ele ter ganho a medalha de prata.
Bom, você pode estar pensando: E o que isso tem a ver com empreendedorismo? Para mim, tudo! Se você é empreendedor, vai olhar para a história do Diego Hypólito e se enxergar. Quantas vezes você caiu? Quantas vezes se levantou e caiu de novo? Perdeu apoio de pessoas ao seu redor? Foi desacreditado? Essa é a vida diária do empreendedor, a de lidar com os percalços do caminho. Muitas vezes, acreditamos que somente dominando a técnica podemos vencer. Ignoramos nosso corpo e nossas emoções no processo.
Por muito tempo, o trabalho do psicólogo ficou relegado somente a cuidar de doentes mentais. Hoje, caminhamos para um momento onde seu trabalho é visto como vital para uma sociedade cada vez mais desconectada de suas emoções. O nosso trabalho, seja com o atleta de alto desempenho, seja com o empreendedor, é auxilia-lo a olhar para si mesmo para que ele reconheça suas emoções e aprenda a lidar com elas. Para isso, são usadas ferramentas e técnicas que fortalecem nossa capacidade de digerir emoções mais densas e superar problemas. O trabalho do psicólogo, embora seja lidar com as emoções, não tem nada de “sentimental” ou mágico. São processos baseados em estudos científicos e neurológicos e que nos ensinam a sermos melhores, mais preparados para lidar com a complexidade da vida. É preciso compreender que não é perda de tempo ficar uma hora no consultório “só conversando”, pois é uma necessidade básica termos um tempo destinado a elaborar nossas questões mais íntimas e aprender a fortalecer nossa inteligência emocional.
Conhecer suas emoções e lidar com elas faz diferença sim. Aprender a lidar com medo, frustração, raiva e fracassos é crucial para uma vida saudável e, consequentemente, uma empresa também saudável. Devemos considerar o papel do psicólogo como a de um agente catalisador dessas emoções mais densas, que te ajudará a enxergar, entender, digerir e acolhe-las, além de ser um guia no caminho da descoberta e prática dos estados emocionais e comportamentais positivos.
Quer mais exemplos nessa Olimpíada? Rafaela Silva, medalha de ouro no judô trabalhou com um psicólogo, pois entrou em depressão devido a pressão e episódios de racismo que sofreu após Londres (veja aqui). Poliana Okimoto, medalha de bronze na maratona aquática, também teve acompanhamento de um psicólogo depois de perder nas duas últimas Olimpíadas e ser chamada de velha (matéria aqui). O ginasta Arthur Nory, medalha de bronze, também foi acompanhado (leia aqui).
Bom, vou deixar o próprio Diego Hypólito falar sobre sua experiência (aqui e aqui): “Aquelas cenas de Pequim me vieram à mente durante a série. Mas eu disse para mim mesmo que hoje era dia de conseguir, de deixar aquilo para trás”, “Como qualquer pessoa, temos problemas. Minha cabeça foi minha grande adversária, mas eu consegui me recuperar e gostaria que isso servisse de exemplo para as pessoas que me assistiram hoje. Que a gente pode vencer, acreditar em nós mesmos” e “Tenho certeza que fazer análise durante esses quatro anos me ajudou muito. Não tanto pela questão motivacional, mas por me equilibrar, não deixar que os fantasmas do passado me atrapalhassem e que os medos fossem maiores que a vontade de vencer. Isso foi muito bom. Antes eu não dava valor nenhum à análise e à psicologia, e muitas vezes, por preconceito, as pessoas achavam que era coisa para gente louca. Mas descobri que é para todas as pessoas”.
Esquecemos que quem gere a empresa são pessoas, com sentimentos e uma história de vida. É preciso que enxerguemos a relação íntima entre mente-corpo-emoções. Ignorar uma dessas partes pode ser decisivo entre o sucesso e o fracasso de qualquer empreendimento. Manter mente, corpo e emoções sãos é fator crucial na hora de tomar decisões acertadas e continuar batalhando para ir cada vez mais longe.

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